Segundo o Irmão W. L. Wilshurtust em seu livro “O Significado da Maçonaria”:
“O Arco Real, de acordo com a Grande Loja Unida¹ , não é um grau extra, porém uma Ordem e por esta razão uma parte essencial de toda a Maçonaria e devido ao grande campo de interesse e grau de trabalho instrutivo, ela é um rico campo para aquele que gosta e compreende este belo ritual simbólico.
O corpo principal da Maçonaria do Arco Real é fundamentado em dois relatos separados; o bíblico, onde se descreve o retorno do povo judeu da Babilônia (538 a.C.) e a construção do segundo Templo (537 a.C.), e em antiga lenda surgida durante a construção do quarto templo, em torno de 400 d. C, que descreve a descoberta de uma cripta, de um altar e da palavra sagrada.
Um ponto importante deve ser notado: a lenda do Arco Real é pura peça religiosa e também devemos notar que, a despeito das belas peças do Velho Testamento como motivo de fundo, as cerimônias do Arco Real abrem com uma oração cristã e o trabalho está repleto de ideias de Trindade e simbolismos, que lhe conferem forte influência cristã.
Ora nos referimos ao Sagrado Arco Real como uma Ordem, ora nos referimos como um Grau. O que ele é, afinal? Uma coisa e outra! A lenda de Hiram só está completa com o Sagrado Arco Real, que faz parte “da mais antiga e pura Maçonaria”, segundo a Constituição da GLUI e várias interpretações de Landmarks, como o de Mackey. A existência do Arco Real está intimamente arraigada com o Terceiro Grau e no Grande Oriente do Brasil, assim como na Grande Loja Unida da Inglaterra, o cargo mais elevado do Sagrado Arco Real é preenchido pelo Soberano Grão-Mestre Geral.
No segundo grau aprendemos a usar todos os nossos esforços e talentos em seguir as lições do primeiro grau, e no simbolismo centrai das ferramentas de trabalho nos encontramos as lições de perseverança e de esforços, os quais, por si, podem sustentar-nos em segurança através das armadilhas da vida.
O terceiro grau representa a morte figurada, que nada mais é que a morte do nosso EU primitivo e um renascimento de uma condição melhor e correta, que nos ensinou uma atenção apropriada das lições do primeiro e segundo graus. O ritual nos ensina que nossos irmãos saíram à procura dos segredos genuínos de um mestre maçom e que eles não foram bem-sucedidos, somente conseguindo um conjunto de regras morais, representado na forma dos cinco pontos de companheirismo. Somente depois de uma morte figurada, a descida a uma sepultura e o subsequente levantamento, a consciência do Mestre Maçom está em condições de ser exaltada para tornar-se ele cônscio dos verdadeiros segredos.
O candidato à exaltação³, ainda com a escuridão dentro de si, clama por ajuda pela sua fraqueza, e nesta condição ele se incumbe da abertura de um certo lugar, no qual ele entra em seguida, numa exploração, cuidando em não toca-lo. Esotericamente, o lugar em que ele entra simboliza seu organismo material e psíquico. A entrada nesse lugar significa que a sua mente é livre para trabalho explorativo, para procurar, investigar, remover entulhos, porém, mantendo contato com o mundo físico exterior ainda corre um sutil filamento, representado por uma corda salva vidas, que o impede de uma separação completa.
Durante a cerimônia o candidato é exortado à humildade, porque ela é a qualificação essencial para entrar no processo de auto exploração. O candidato é então tentado a chegar perto do centro, porém ele hesita ao se aproximar, porque sabe que está se aproximando da essência central, o Solo Sagrado, que somente os humildes podem andar e os meigos herdar (Gênesis, cap, XIII, v, 15, e Mateus, cap. I, v, 4). Neste momento o candidato fica atento para algo, e na restauração da luz lhe é apresentada a origem divina do seu ser, que há muito dele está separada, que a luz brilha no escuro e que a escuridão não a contém, isto é, a escuridão se esvai quando a luz aparece e então fogem as sombras (João, cap. 1, v.5).
O candidato deve ser capo de perceber que era ele mesmo quem no inicio “Era sem forma e vazio” e em virtude do “Faça-se a Luz” de Deus, transformou-se por fim, do caos e da inconsciência numa forma perfeita e lúcida.
Segue-se então uma exposição alegórica da Ordem, que toma a forma de um relato dramático dos Forasteiros, descrevendo a libertação do jugo babilónico até a descoberta de um antigo e importante arquivo.
Na maioria dos Ritos praticados no Brasil a cerimônia de Exaltação refere-se ao ingresso ao Terceiro Grau. No Rito de York esta cerimonia é chamada de “Elevação” termo utilizado para a cerimônia do Segundo Grau nos demais Ritos. A coincidência do termo “Exaltação ao Arco Real” não poderia ser mais oportuna no GOB, pois o Arco Real é indubitavelmente um complemento do Terceiro Grau. Maçons de qualquer Rito e de qualquer Potência Maçônica com tratado de Amizade e Reconhecimento com o GOB podem participar desta nossa Ordem.
Segundo o Irmão J. P. Glemie, P.A, Prov C.M. no seu livro “O Significado e Origem do Arco Real”;
Para melhor entender a cerimonia de Exaltação², será conveniente um breve retrospecto de cada um dos graus da Maçonaria, uma vez que eles ensinam a cada um de nos como viver consigo e com os nossos companheiros e usar os talentos com os quais fomos abençoados.
O primeiro grau representa nosso nascimento maçônico, mostrando simbolicamente que somos a pedra bruta que saiu diretamente das pedreiras da vida. A finalidade do primeiro grau é mostrar-nos os instrumentos com os quais devemos fazer a mudança da pedra bruta em polida, uma tarefa que poderá levar cada um de nós a uma vida inteira de esforços. Os instrumentos dados são as regras de conduta moral e de bem viver, que nos foram explicados no canto Nordeste, na explicação dos instrumentos de trabalho e na exortação após a iniciação.
No segundo grau aprendemos a usar todos os nossos esforços e talentos em seguir as lições do primeiro grau, e no simbolismo centrai das ferramentas de trabalho nos encontramos as lições de perseverança e de esforços, os quais, por si, podem sustentar-nos em segurança através das armadilhas da vida.
Esta narrativa significa que cada alma humana está cativa durante a existência mundana, com a tirania dos interesses materiais e o caos da sua natureza em desordem. Somente uma rebelião contra isto pode reverter o fluxo transitório das coisas temporais, por uma liberdade interna e paz permanente no coração, e o candidato, que tendo encontrado seu velho Templo sem valor, deve, no seu lugar, reafirmá-lo num outro mais valoroso.
Na Maçonaria o ritual não é um fim em si mesmo, mas um meio. Lembremo-nos sempre que a finalidade da nossa instituição é o bem-estar dos nossos semelhantes e a honra de Deus, e para isso utilizamos a definição da maçonaria ensinada no Primeiro Grau no Rito de York:
Pergunta – “O que é a Maçonaria?”
Resposta – “Um sistema peculiar de moralidade velado por alegorias e ilustrado por símbolos”.
“Feliz o homem que encontrou a sabedoria e o homem que alcançou o entendimento, porque a sua aquisição é melhor que a aquisição da prata e o seu lucro melhor que o ouro”. (Provérbios. Cap. III, v 13-14).
Fraternalmente,
CESAR ALBERTO MINGARDI
Grande Escriba E.
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1. Grande Loja Unida, isto é, GLUI – Grande Loja Unida da Inglaterra, origem da Ordem do Sagrado Arco Real.
2. “Exaltação” no sentido do ingresso ao Sagrado Arco Real.
3. Idem anterior.